Nunca pensei que um país de clima tão instável poderia me conquistar, mas foi isso que aconteceu com a longínqua Nova Zelândia. O multiculturalismo, o alto-astral, a segurança e a beleza foram alguns dos motivos.
A Nova Zelândia é um desses lugares onde um viajante seria capaz de passar semanas adiando o retorno por sempre encontrar algo a mais para ver ou fazer. Não se trata de um destino barato, mas é sempre possível conciliar os passeios pagos com outros gratuitos.

Estive lá entre outubro e novembro de 2018 e vou contar um pouco sobre essa formidável experiência. Os preços são os que paguei na época apenas como referência.
Saindo do Brasil, é preciso fazer pelo menos uma conexão e gasta-se pelo menos 15 horas para chegar lá. Eu, por exemplo, voei pela LATAM até Santiago do Chile e depois para Auckland, onde está a principal porta de entrada neozelandesa.
Turistas brasileiros não precisam de visto para a NZ, mas é aconselhável estar atento às conexões do voo contratado porque se ele tiver conexão na Austrália, por exemplo, um visto australiano de trânsito será obrigatório.
Os idiomas oficiais são o inglês e o maori. O sotaque local é forte, mas a vontade de comunicar também é, então isso não foi um problema.
Eu comprei facilmente dólares neozelandeses em São Paulo, mas também é possível levar dólar americano ou euro e fazer a troca por lá. Não recomendo que leve reais, pois não vi nenhuma casa de câmbio que trabalhasse com essa moeda.
A Nova Zelândia é formada por duas ilhas principais (a Ilha Norte e a Ilha Sul) e por diversas ilhas menores. Aviões, barcos e ônibus conectam o país. Quem optar pela comodidade de um carro alugado deve se lembrar que embora as estradas sejam ótimas, a mão é inglesa…
No meu caso, não curto dirigir e eu tinha apenas 10 dias inteiros para disfrutar o distante país, então concentrei minha viagem na Ilha Norte, viajando principalmente de avião e ônibus. Usei os barcos quando visitei duas ilhas próximas a Auckland, a maior cidade do país.
Já li relatos de pessoas que com essa mesma disponibilidade visitou as duas ilhas, mas me pareceu que gastaram mais tempo com os deslocamentos do que disfrutando dos locais, mas isso vai do estilo e do objetivo de cada viajante.
Comprei minhas passagens de ônibus pela internet. A empresa Intercities (www.intercities.co.nz) oferecia excelentes descontos para a compra antecipada. Em alguns trechos paguei apenas $1! O equivalente a R$2,50 na época.
Para sair do aeroporto de Auckland, usei o Skybus (www.skybus.co.nz) que tem espaço para malas, Wi-fi e atende as áreas hoteleiras. Você compra a passagem na hora e os funcionários te ajudam a identificar a melhor parada para a sua hospedagem. Quem for alugar um carro, já pode sair do aeroporto dirigindo. Já os que estiverem em grupo podem avaliar o custo-benefício de pegar um táxi.
Auckland
Waiheke Island
Meu primeiro passeio foi à ilha Waiheke. Deixei a mala no hostel e corri para o porto. Comprei um pacote chamado “waiheke explorer” (NZ$65) que incluía o barco e um ônibus turístico que percorria toda a ilha. A ilha é bem grande, então realmente valeu a pena. Trata-se de um passeio para o dia todo.

Praias e vinícolas são as principais atrações dessa bela ilha que também abriga um pequeno museu de entrada gratuita.


Aqui tive a companhia de uma ucraniana que conheci ainda no porto.

Paga-se para beber o vinho, mas apreciar essas belas propriedades coloridas pelas flores de lavanda é grátis. Não há cercas e portões, então o acesso é bem simples e fácil.

Rangitoto Island
No dia seguinte, peguei o primeiro ferry (NZ$36) para essa ilha vulcânica localizada a cerca de 30 minutos de Auckland. Não há moradias nem comércio, então, é preciso caprichar nos lanchinhos e na água.
A atividade aqui são: andar e andar pelas trilhas em meio às pedras vulcânicas…
… e subir e subir até os mirantes que têm vista para a cidade de Auckland.

No ferry, conheci uma brasileira que foi minha companheira nesse passeio.

Jardim Botânico, Auckland Domain e Monte St. John
Diferentemente de Waiheke, a visita à ilha de Rangitoto não ocupa o dia todo, então ainda houve tempo de visitar algumas atrações lindas e gratuitas. Um amigo chileno que morava na cidade foi meu anfitrião.


Harbour
Caminhar pelo porto foi meu passeio numa estupenda manhã de sol que antecedeu uma tarde chuvosa. Nesse mesmo dia voei (Jetstar, NZ$44) para a capital Wellington.

Wellington

Conhecida pelos ventos fortes e frequentes, a capital Wellington é uma cidade agradável até quando chove (e ali chove sempre!). Na maioria das travessias, há coberturas que protegem os pedestres durante a chuva.


Te Papa e Wellington Museum
Os museus da cidade têm entrada gratuita e ficam relativamente próximos uns dos outros. Eles são uma ótima forma de preencher prováveis dias chuvosos da sua visita a Wellington e equilibrar o orçamento.
O mais famoso e frequentado é o Te Papa – e ficar hospedado perto dele significa estar bem localizado. Reserve pelo menos 2 horas para conhecê-lo.

Além do Te Papa, eu recomendo fortemente a visita ao Wellington Museum que conta a história da cidade. É um museu interativo muito bem pensado. Foi dentro dele que vivi uma experiência única: um terremoto!! Não sei quantos de vocês já viveram essa aventura, mas me senti como parte de um filme com efeitos especiais! Não houve mortes ou prejuízos materiais, então eu curti muito! 😊

Bonde e Jardim Botânico
O bonde que leva ao Jardim Botânico é um passeio barato (ida NZ$5) que proporciona uma bela vista da cidade. A entrada do jardim, que mais parece uma minifloresta urbana, é gratuita.


Filmes
A Nova Zelândia tem certa tradição na produção cinematográfica, sendo particularmente famosa pelos Hobbits e pela trilogia do Senhor dos Aneis. Em Wellington, é possível visitar algumas locações e também conhecer o estúdio onde são construídos itens fantásticos para as produções.
Os passeios são facilmente contratados no Visitor Center. Eu passei uma tarde em um desses passeios e me diverti muito, mesmo sem ser grande fã, então recomendo a todos.


Taupo

Meu destino seguinte foi Taupo, já no centro da ilha norte, onde cheguei de ônibus depois de 7 horas de estrada. O tempo estava frio e chuvoso, então aproveitei para me recompor e lavar roupa suja.
No dia seguinte, fui surpreendida por sol, céu azul e temperatura agradabilíssima. Não parecia a mesma cidade! Fiz, então, uma caminhada independente até a Huka Falls. É possível chegar até o cartão postal da cidade de carro, de bicicleta ou a pé. Fui andando pela trilha das bicicletas e voltei pela dos pedestres. Recomendo ambas!


Rotorua
Menos de 2 horas separam Taupo de Rotorua, cidade famosa por estar no meio de uma zona vulcânica. Ali lembrei que, apesar do frio, era primavera 😀
Nesta cidade, um passeio gratuito altamente recomendável é aos Jardins do Governo (Government Gardens).


Já entre os passeios com entrada paga estão o teleférico (Rotorua Gondola, NZ$31) e os parques Wai-o-Tapu (NZ$32,50) e Te Puia (NZ$56). O teleférico, além de permitir uma vista linda da cidade, também dá acesso a uma área cheia de atrações para os mais aventureiros.

O Wai-o-Tapu fica a alguns quilômetros da cidade e, portanto, demanda carro próprio, excursão ou que se pegue um ônibus. Eu escolhi a última opção e cheguei lá com o ônibus da Intercities. Você pode comprar a passagem pelo site da empresa ou no Visitor Centre localizado no centro da cidade (na época custava entre NZ$1 e NZ$10).

Já o Te Puia pode ser alcançado a pé ou de ônibus local (não muito frequente). Eu fui a pé. O ingresso básico dá direito a uma visita guiada feita por nativos maoris. Você vai ver gêiseres e o pássaro símbolo da Nova Zelândia: o Kiwi. Também é possível comprar pacotes que incluem apresentações culturais e até comida típica cozida na água quente vulcânica! Sugiro que o ingresso seja comprado pela internet porque sai bem mais barato. Eu só soube isso na hora e paguei na entrada simples o preço que teria pago no ingresso que incluía a apresentação cultural. #ficaadica
Perto de Rotorua, fica o vilarejo construído para os Hobbits. Eu não fiz o passeio, mas ele é bem popular entre os turistas.
Auckland
One Tree Hill e Mt. Eden
De volta a Auckland para as últimas horas de viagem, descobri que deveria ter solicitado um visto australiano para a minha conexão no país. Felizmente, a companhia aérea Qantas trocou meu voo gratuitamente e pude regressar no dia combinado sem passar pela Austrália. Entretanto, teria 10 horas a mais para estar no país.
Dessa vez, acompanhada por um alemão que tinha conhecido em Wellington e reencontrado ali, visitei o One Tree Hill e o Mount Eden. Ambos são vulcões extintos que se tornaram dois dos principais pontos turísticos gratuitos de Auckland. As subidas, especialmente do segundo, são cansativas, mas a vista é formidável.


Enjoy!
Sobre a autora:
Mariana Reis Souza (@umabrasileirao) é colaboradora honorária do Blog Viajando pelo Mundo, onde compartilha a sua experiência como viajante solo. Além disso, ela é estudiosa e professora de idiomas, ama gatos e sonha em conhecer o continente gelado.
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